PROJETO DIACONAL ALEGRIA E ESPERANÇA Comunidade de Jesus Cristo a serviço da vida
“Comunidade que serve é aquela que entende o seu serviço de plantar e regar, através de ações e gestos práticos, visíveis e palpáveis, que tocam a vida das pessoas, que as resgatam do sofrimento e as motivam para viver o amor de Deus.” (PAMI da IECLB 2008 - 2012)
Você pode não acreditar, mas é verdade: muitos anos atrás a terra era um jardim maravilhoso. É que os anjos, ajudados pelos elefantes, regavam tudo, com regadores cheios de água que eles tiravam das nuvens. Esta era a sua primeira tarefa, todo dia. Se esquecessem, todas as plantas morreriam, secas, estorricadas... Para que isso não acontecesse, Deus chamou o galo e lhe disse:- Galo, logo que o sol aparecer, bem cedinho, trate de cantar bem alto para que os anjos e os elefantes acordem...E é por isto que, ainda hoje, os galos cantam de manhã... Flores havia aos milhares. Todas eram lindas. Mas, infelizmente, todas elas eram igualmente vaidosas e cada uma pensava ser a mais bela.E, exibindo as suas pétalas, umas para as outras, elas se perguntavam, sem parar:- Não sou a mais linda de todas?Até pareciam a madrasta da Branca de Neve. Por causa da vaidade, nenhuma delas ouvia o que as outras diziam e nem percebiam que todas eram igualmente belas.Por isso, todas ficavam sem resposta. E eram, assim, belas e infelizes.No meio de tanta beleza infeliz, entretanto, certo dia uma coisa inesperada aconteceu. Uma florinha, que estava crescendo dentro de um botão, e que deveria ser igualmente bela e infeliz, cortou uma de suas pétalas num espinho, ao nascer. A florinha nem ligou e vivia muito feliz com sua pétala partida. Ela não doía. Era uma pétala macia. Era amiga. Até que ela começou a notar que as outras flores a olhavam com olhos espantados. E percebeu, então, que era diferente.- Por que é que as outras flores me olham assim, papai, com tanto espanto, olhos tão fixos na minha pétala...?- Por que será? Que é que você acha?, perguntou o pai. Na verdade, ele bem sabia de tudo. Mas ele não queria dizer. Queria que a florinha tivesse coragem para olhar para as vaidosas e amar a sua pétala. - Acho que é porque eu sou meio esquisita..., a florinha respondeu. E ela foi ficando triste, triste... Não por causa da sua pétala rachada, mas por causa dos olhos das outras flores. - Já estou cansada de explicar. Eu nasci assim... Mas elas perguntam, perguntam, perguntam... Até que ela chorou. Coisa que nunca tinha acontecido com as flores belas e infelizes.A terra levou um susto quando sentiu o pingo de uma lágrima quente, porque as outras flores não choravam. E ela chamou a árvore e lhe contou baixinho:- A florinha está chorando. E a terra chorou também. A árvore chamou os pássaros e lhes contou o que estava acontecendo. E, enquanto falava, foi murchando, esticando seus galhos num longo lamento, e continua a chorar até hoje, à beira dos rios e dos lagos, aquela árvore triste que tem o nome de chorão. E das pontas dos seus galhos correram as lágrimas que se transformaram num fiozinho de água... Os pássaros voaram até as nuvens.- Nuvens, a florinha está chorando. E choraram lágrimas que se transformaram em pingos de chuva...As nuvens choraram também, juntando-se aos pássaros numa chuva enorme, choro do céu.As lágrimas das nuvens molharam as camisolas dos anjinhos que brincavam no céu macio. E quiseram saber o que estava acontecendo. E quando souberam que a florinha estava chorando, choraram também... E Deus, que era uma flor, começou a chorar também.E a sua dor foi tão grande que, devagarinho, como se fosse espinho, ela foi cortando uma de suas pétalas. E Deus ficou tal e qual a florinha. E aquele choro todo, da terra, das árvores, dos pássaros, dos anjos, de Deus, virou chuva, como nunca havia caído.O sol, sempre amigo e brincalhão, não agüentou ver tanta tristeza. Chorou também. E a sua boca triste virou o arco-íris... E as chuvas viraram rios e os rios viraram mares. Nos rios nasceram peixes pequenos. Nos mares apareceram os peixes grandes.A florinha abriu os olhos e se espantou com todo aquele reboliço. Nunca pensou que fosse tão querida. E a sua tristeza foi virando, lá dentro, uma espécie de cócega no coração, e sua boca se entortou para cima, num riso gostoso... E foi então que aconteceu o milagre.As flores belas e infelizes não tinham perfume, porque nunca riam. Quando a florinha sorriu, pela primeira vez, o perfume bom da flor apareceu. O perfume é o sorriso da flor.E o perfume foi chamando bichos e mais bichos... Vieram as abelhas... Vieram os beija-flores... Vieram as borboletas... Vieram as crianças. Um a um, beijaram a única flor perfumada, a flor que sabia sorrir. E sentiram, pela primeira vez, que a florinha, lá dentro do seu sorriso, era doce, virava mel... Esta é a estória do nascimento da alegria. De como a tristeza saiu do choro, do choro surgiu o riso e o riso virou perfume.A florinha não se esqueceu de sua pétala partida. Só que, deste dia em diante, ela não mais sofria ao olhar para ela, mas a agradava, como boa amiga.Quanto aos regadores dos anjos, nunca mais foram usados. De vez em quando, olhando para as nuvens, a gente vê um deles, guardado lá dentro, já velho e coberto de teias de aranha... Enquanto a florinha de pétala partida estiver neste mundo, a chuva continuará a cair e o brinquedo de roda em volta do seu sorriso e do seu perfume não terá fim...
Rubem Alves
Quatro velas estavam queimando calmamente. O ambiente estava tão silencioso que se podia ouvir o diálogo entre elas.
A primeira, expandindo sua chama, disse:
- Eu sou a Paz. Peregrina pelas estradas do sentimento buscando morada no coração dos homens. Viajo pelos campos devastados pelas guerras e canto a minha canção aos ouvido dos que ainda persistem nas batalhas cruéis. Penetro nos lares e espalho o perfume da minha presença. Devo admitir que, apesar da minha luz, as pessoas não têm conseguido me manter acesa.
E, diminuindo sua chama, devagarinho, apagou-se totalmente.
A segunda, mostrando o colorido da sua chama, falou:
- Eu me chamo Fé. Tenho me sentido inútil entre os homens. Eles se encontram cheios de tanta tecnologia e conquistas, que não me escutam. Não querem saber das verdades espirituais. Insistentemente, tenho batido às portas da razão humana, demonstrando que, sem minha luz, logo, logo cairão em trevas densas e sofridas. Porque eu sou a chama que se apresenta quando o desengano aparece. Sou a luz que brilha na noite da desilusão. Sou a companheira dos que padecem males sem conta. Mas, como tenho sido desprezada, não faz sentido eu continuar acesa.
Ao terminar sua fala, um vento bateu levemente sobre ela e ela se apagou.
Baixinho e triste, a terceira se manifestou:
- Eu sou o Amor! Não tenho mais forças para queimar. As pessoas me deixam de lado, porque tudo é mais importante do que eu: a carreira, os prazeres, as coisas materiais. Os homens só conseguem enxergar a si próprios, esquecendo-se até dos que estão à sua volta.
Dito isto, o Amor recolheu a sua chama e se apagou.
De repente, entrou uma criança, olhou as três velas apagadas e falou, espontaneamente:
- O que é isso? Vocês devem ficar acesas e queimar até o fim! Foi daí que a quarta vela, que havia permanecido acesa, sem nada dizer, falou:
- Não tenha medo, criança. Nem se preocupe. Enquanto a minha chama estiver acesa, podemos acender as outras velas. A criança apanhou a vela da Esperança e acendeu novamente as velas da Paz, da Fé e do Amor.
Quando tudo parece perdido. É necessário não deixar morrer a Esperança.
O começo de tudo é o Acreditar.
CUIDA BEM SENHOR...
...dos que vão a minha frente. ...dos que vem atrás de mim. ...dos que andam ao meu lado. ... de todos que andam, enfim. E se cuidado te sobrar, Senhor, cuida bem de mim.